quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Dica da semana Cinestória #21 - Blade Runner, o Caçador de Andróides

Blade Runner (1982) completou 35 anos no último mês de junho e está prestes a ganhar uma continuação nos cinemas - Blade Runner 2049 estréia amanhã (05 de outubro). Apesar de não ter feito muito sucesso em seu lançamento, hoje "O Caçador de Andróides" é considerado um "clássico cult" e para alguns - eu inclusive - um dos melhores filmes já feitos¹.

Baseado no romance Do Androids Dream of Electric Sheep? (1968), do escritor de ficção científica norte-americano Philip K. Dick, essa obra é responsável por chamar a atenção do cinema e do grande público para esse talentoso autor, que morreu aos 53 anos sem ter o reconhecimento merecido - e no mesmo ano de lançamento do filme, sem nunca ver sua história na tela grande. Outras adaptações de suas obras incluem Total Recall (1990) de Paul Verhoeven e Minority Report (2002) de Steven Spielberg.

O filme é dirigido por Ridley Scott - que antes havia feito o excelente Alien - O 8º Passageiro - e se passa em um futuro distópico, em uma escura e chuvosa Los Angeles de 2019, iluminada apenas pelo neon dos gigantescos letreiros das grandes corporações. Neste mundo, onde a maioria dos humanos deixou a Terra para viver em colônias espaciais e apenas a "escória da sociedade" permanece, a Tyrell Corporation criou seres biológicos semelhantes a humanos - chamados replicantes - para trabalhos perigosos e servis nas colônias, sendo proibidos de voltar para seu planeta de origem. Por serem criações genéticas, os replicantes tem suas habilidades aumentadas em relação aos humanos, porém eles também têm um "prazo de validade" definido - em geral 4 anos. Todos os que se rebelam e voltam são caçados e "aposentados". Deckard (Harrison Ford) é um caçador de replicantes, que é chamado para um último trabalho: "aposentar" um grupo fugitivo liderado por Roy Batty (Rutger Hauer). 

Dentro desta trama, a obra desenvolve diversos temas filosóficos acerca da existência dos replicantes, como a discussão sobre a ética do homem agir como Deus, a mortalidade e o que nos faz humanos. Essas discussões são conduzidas em uma trama policial, narrativamente e esteticamente inspirada no filmes noir da década de 50 - ainda existe a inegável inspiração no filme Metropolis (1927) de Fritz Lang -, mas que transvestida em um visual futurista-retrô com imensos arranha-céus, luzes brilhantes, carros voando e fumaça saindo dos bueiros, formam uma espetacular composição visual que impressiona e marca esta obra através do tempo. 

Igualmente marcante é a trilha sonora do músico grego Vangelis - também autor das trilhas de Carruagens de Fogo (1981) e 1492 – A Conquista do Paraíso (1992). A combinação sombria de melodias clássicas e sintetizadores futuristas é um casamento perfeito com o visual criado por Scott e seus designers, colocando a trilha como uma característica inseparável da obra - o filme não seria o que é sem ela.

Blade Runner não é um filme fácil de assistir e muito menos de gostar, mas merece ser visto. Com certeza, não foi feito para ser agradável, mas além de uma experiência visual incrível, é também um filme para ficar horas conversando com os amigos sobre suas questões sem resposta - que em sua maioria exigem ver o filme várias vezes para serem percebidas.

Lucas Neto
Bacharel em Cinema e coordenador do projeto



¹Ao todo, Blade Runner tem sete versões conhecidas, do primeiro corte à "edição final" lançada em 2007. Essa última deve ser a procurada para quem ainda não conhece a obra, pois foi supervisionada por Ridley Scott e digitalmente remasterizada. Além disso, a versão original - na época considerada confusa e pessimista pelos produtores - ganhou uma narração em off de Deckard e um final feliz que não fazem o menor sentido.

FICHA TÉCNICA
Nome original: Blade Runner
Gênero: Ficção científica
Diretor: Ridley Scott
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young
Duração: 117 minutos
Ano de lançamento: 1982
País de origem: EUA 

Nenhum comentário:

Postar um comentário