"Quando o ato de comer deixa de ser ao mesmo tempo individual e social, algo regrado
tanto por normas coletivamente compartilhadas quanto por regras individualmente
criadas, o saber se dissocia do sabor e a comida fica tão insossa quanto sem sentido."
Denise Bernuzzi de Sant'Anna
Por quê nós comemos? Para repor as energias que
gastamos ao longo do dia? Para fornecer os aminoácidos essenciais para a
síntese proteica? Para ingerir grandes quantidades de substâncias detox e
purificar nosso organismo?
Nos últimos anos, estas parecem ser as respostas adequadas a esta
questão. Várias são as discussões contemporâneas acerca da alimentação, vários
são os saberes que nos autorizam (e principalmente restringem) a consumir
certos alimentos.
Por mais que a satisfação das necessidades energéticas para manutenção
da vida seja uma imposição biológica, os ingredientes, as formas de preparo e
os rituais não são. Preparamos comida das mais diversas formas, seja repetindo
as tradições familiares, seja aprendendo novos pratos em cursos de culinária ou
programas de TV sobre o tema.
Babette é uma famosa cozinheira parisiense que, devido à Guerra Civil na
França, foge de seu país para encontrar refúgio numa pequena vila norueguesa
isolada onde vivem seguidores de um pastor protestante extremamente rígido em
relação ao prazer e ao pecado. Filipa e Martine, as filhas do falecido pastor,
aceitam Babette como sua empregada e cozinheira a pedido de um amigo que as
conhecera na juventude. Depois de dez anos trabalhando para as irmãs, Babette
ganha um prêmio na loteria e decide oferecer um banquete para comemorar o
centenário de nascimento do pastor. Embora um pouco assustados com a
possibilidade de cometerem o pecado da gula (ou seria da luxúria?), os aldeões
aceitam participar do banquete porque gostam muito de Babette e não querem lhe
negar um pedido.
Durante o jantar, que segue as tradições francesas da entrada à
sobremesa, os convidados se transformam: o prazer que é proporcionado pelos
pratos preparados por ela faz com que antigas rixas sejam esquecidas,
divergências reconsideradas e paixões renasçam.
Um belíssimo filme, para assistir depois de um bom jantar com os pratos
preferidos.
Humberto Luis de Cesaro
Professor de Educação Física - IFC Luzerna
FICHA TÉCNICA
Título original: Babettes Gaestebud
Gênero: Drama
Direção: Gabriel Axel
Elenco: Bibi Andersson, Ebbe Rode, Gudmar Wivesson, Jarl Kulle, Jean-Philippe Lafont, Stéphane Audran
Duração: 102 minutos
Ano de produção: 1987
País de origem: Dinamarca
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